Custo com privacidade de dados no Brasil chega a R$ 12 milhões
Entrevistados estimam que retorno sobre o investimento para implantação de práticas corporativas de privacidade de dados seja de 1,8 vezes sobre o custo total, em média.
O custo médio das empresas no Brasil para implantação de práticas corporativas de privacidade de dados é de US$ 2,2 milhões — cerca de R$ 11,9 milhões por ano —, cifra elevada, mas ainda assim 81,5% menor do que a média global, que é de US$ 2,7 milhões por ano. Os dados são do estudo “Benchmark de Privacidade de Dados”, da Cisco, que faz uma avaliação global anual das práticas corporativas de privacidade, o impacto da privacidade nas organizações e opiniões dos entrevistados em relação à privacidade de dados.
Os entrevistados estimam que o retorno sobre o investimento (ROI, na sigla em inglês) seja de 1,8 vezes sobre o custo com privacidade de dados, em média. Embora isso continue sendo muito atraente, é um pouco menor do que o registrado no ano passado, que foi de 1,9 vezes sobre o custo. Isso, segundo o relatório da Cisco, pode ser resultado das necessidades contínuas de resposta à pandemia, adaptação à nova legislação, incerteza sobre as transferências internacionais de dados e aumento das solicitações de localização de dados.
Segundo o estudo, as legislações sobre privacidade continuam a ser muito bem recebidas em todo o mundo, embora o cumprimento dessas leis muitas vezes envolva esforço e custo significativos, como, por exemplo, catalogação de dados, manutenção de registros de atividades de tratamento de dados, implementação de controles como privacy by design (privacidade desde a concepção do projeto) e resposta a solicitações de titulares de dados.
De acordo com o relatório, 83% de todos os entrevistados corporativos disseram que as leis de privacidade tiveram um impacto positivo e apenas 3% indicaram que as leis tiveram um impacto negativo. No Brasil, as respostas seguem a média global e 83% disseram que a legislação tem impactos positivos, enquanto 4% mencionaram um impacto negativo.
O levantamento identificou que à medida que as legislações sobre privacidade continuam a exigir mais proteção de dados, governos e organizações estão implementando requisitos de armazenamento local de dados pessoais (data localization), sendo que 92% dos entrevistados disseram que isso se tornou uma questão importante para suas empresas. Mas isso tem um preço — em todas as regiões, 88% disseram que os requisitos de localização estão adicionando custos significativos às suas operações.
Por fim, quando se trata de uso de dados, 92% dos entrevistados globalmente e 96% no Brasil reconhecem que sua organização tem a responsabilidade de usar os dados apenas de maneira responsável — 87% de todos os entrevistados e 92% no Brasil acreditam já ter processos implementados para garantir que a tomada de decisões automatizada seja feita de acordo com as expectativas do cliente.
No entanto, o estudo de “Privacidade do Consumidor 2021” da Cisco mostrou que muitos indivíduos desejam mais transparência e 56% estão preocupados com o uso de dados em inteligência artificial e tomada de decisão automatizada. Quarenta e seis por cento dos consumidores pesquisados dizem sentir que não podem proteger adequadamente seus dados, principalmente porque não entendem o que as organizações estão coletando e fazendo com eles.